Quem mora em São Paulo ou já passou pela Marginal Tietê na região de Pirituba já deve ter feito esta pergunta ao olhar para este casarão que fica na saída para a rodovia Anhanguera, que chama a atenção de longe pela beleza e imponência.
Mas basta caminhar em sua direção para perceber as pichações, janelas quebradas e grades corroídas pelo tempo. Hoje abondonada e esquecida em um ponto tão visível da cidade, tomou aspecto de ruína, mas nem sempre foi assim...
Este casarão foi tema de reportagem da primeira edição da
1895 by Reebok,
revista diagramada pela Code Comunicação, que revelou boas imagens e histórias sobre esta construção tão misteriosa.
Mas o que a maior parte dos paulistanos não sabe, no entanto, é que aquele mural de pichações, incrustado em meio ao mato, faz parte da história da cidade e do Brasil. Uma história que pode terminar antes mesmo de ser contada, vítima da especulação imobiliária e da modernidade. O terreno onde hoje está o Casarão do Anastácio deve dar lugar a um shopping ou a um conjunto residencial.
Área onde está casarão guarda mais de 150 anos de história
As primeiras notícias do local onde está o
Casarão do Anastácio são do início do século 19. A casa está construída nas antigas propriedades de uma fazenda do coronel Anastácio de Freitas Troncozo, nome influente na sociedade paulista.
A fazenda, na zona norte da cidade – hoje na região de Pirituba –, foi comprada pelo brigadeiro Tobias de Aguiar em 1856. Um dos líderes da Revolução Liberal de 1842, o brigadeiro era o segundo marido de Domitília de Castro e Canto Melo, a marquesa de Santos, amante do imperador Dom Pedro I na década anterior ao matrimônio com o brigadeiro.
Um ano depois de ter comprado a fazenda, Tobias de Aguiar morreu e deixou-a para a marquesa. Segundo o Departamento do Patrimônio Histórico da Prefeitura de São Paulo, ela tornou-se a única proprietária até morrer, em 1867. Durante esses 11 anos, a marquesa não fixou residência, mas sempre visitava o local.
Com a morte de Domitília, a posse ficou com seus herdeiros, que, em 1913, venderam parte da fazenda para a companhia elétrica Light and Power. A parte restante das terras ficou com os herdeiros até 1917, quando foi comprada pela Companhia Armour do Brasil. Depois da aquisição completa da propriedade, a antiga sede da fazenda – onde a marquesa de Santos passou parte de sua velhice – foi demolida, segundo versão aceita pelos historiadores.
O casarão imponente, com estilo de construção hispânico, que se vê hoje no local, foi erguido apenas na década de 20, por iniciativa do frigorífico Armour do Brasil, proprietário de parte das terras da antiga fazenda, de acordo com os mesmos relatos. A idéia dos proprietários era ter no casarão um local para hospedagem
e lazer dos funcionários da empresa. E foi assim que o local funcionou nas quatro décadas seguintes, até ser novamente vendido para a Flora Administração S.A, de acordo com informações da prefeitura.